Conhecer os costumes e a história de aldeias chinesas do sudoeste da China e aplicar a justiça em função desse entendimento e após conversas com os seus habitantes. Eis a receita de uma justiça ancestral, na China? A Saber Viver Lisboa TV recomenda o visionamento do filme “A última viagem do juiz Feng, da autoria de Liu Jie. Por Daniela Gonçalves
Um juiz chinês sem formação superior deambula pela China rural composta por aldeias diversas, cujos habitantes têm etnias distintas. Durante toda a sua vida, o seu objetivo consistiu em levar a justiça a terras recônditas chinesas. Fê-lo, no entanto, de forma diplomática, tentando conciliar os regulamentos das aldeias com a lei do país. Com maior ou menor facilidade, percorreu quilómetros num cavalo adornado com a insígnia do governo. A maior alegria deste juiz era resolver de forma pacífica as questões litigiosas que envolviam os habitantes das aldeias. Usava a sua criatividade para suavizar as divergências e chantagens que se faziam sentir naquelas terras… E, frequentemente, conseguia apaziguar os ânimos e solucionar os litígios. Um jovem juiz licenciado acompanhava-o nos casos judiciais. Deram-se sempre muito bem até ao dia em que o jovem se casou e revelou a clivagem de pensamento que nutria em relação ao seu mestre. Pese embora a existência de posturas diferentes perante a vida, o diálogo intergeracional deveria ser uma constante, no sentido da evolução social e maturidade das pessoas na China e em todo o mundo… Obviamente que chega o tempo da reforma para os profissionais mais velhos, mas os mais jovens devem aprender com a sua experiência e ensinar-lhes o que sabem, para que os primeiros vivam a sua terceira e quarta idades de forma ativa e produtiva. Em nome de uma harmonia social e longevidade saudável. Quando será percecionada esta parceria entre novos e mais velhos como uma realidade para implementar, em vez de uma mera utopia?